domingo, 21 de dezembro de 2008

Música, Cultura e Sociedade

Convencionalmente, existem dois tipos de música: a música erudita e a música popular. Mas no nosso entender, existem três tipos de música: a música erudita, a música popular e a música do povão. Não é de alguma forma criar uma nova hierarquia musical, mas também é aquela história: existe música apenas para ouvir, existe música apenas para dançar, como também existe aquela música para as duas formas. 

A música é uma das mais importantes expressões de um povo, de uma cultura e de uma nação. É nesse ponto que ela tem o papel importante de excelência numa sociedade. O mundo da música, nesses ultimos tempos, tem passado por processo de dinamismo e versatilidade muito grande, onde há o encontro de ritmos diferentes em um só ritmo (coisa inimaginável até umas décadas atrás, não que isso às vezes não acontecia), novos horizontes e novos ritmos e movimentos musicais surgindo todos os dias. 

Podemos dizer que o Brasil é o país com a maior versatilidade musical do mundo. Um país com grande diversidade étnica, não só produz misturas raciais e culturais como também na área musical tem causado uma repercussão maior do que os outros setores.

Criar a noção de uma cultura popular brasileira requer uma tarefa árdua, mas nem um pouco difícil. Mesmo que tal tarefa tenha sido arquitetada por pessoas do porte de Gonçalves Dias, Olavo Bilac, Câmara Cascudo, Oswald de Andrade e os modernistas de 1922, Monteiro Lobato, Luis Gonzaga, Tiago de Melo, Gilberto Freyre, Jorge Amado, Patativa do Assaré, José de Alencar, Machado de Assis e tantos outros - o Brasil merece se redescobrir a cada dia; Não mais através de caravelas ajudadas pelo vento, mas do coração e da atenção de cada cidadão e do povo brasileiro. 

Quando nos deparamos com a qualidade "baixa" de algumas canções e músicas que são tocadas pelo Brasil afora, os intelectuais tem a tendência de criar um tribunal extraordinário para julgar e condenar aqueles que "emburrecem" o povo e os estimulam a consumir uma "cultura inútil". Falo das músicas de algumas bandas de forró eletrônico com algumas letras lascivas oriundas do funk carioca. Se as músicas de duplo sentido existem na Música do Povão, é porque na Música Popular permitiram isso. E digo mais: se os intelectuais mais alguns setores da sociedade que não concordam com as letras, ao invés de humilhar esse povo, porque estes não vão dar um auxílio cultural a este povo? 

O objetivo deste tópico não é defender e nem elogiar, mas procurar compreender. Não cabe a nós julgar o que é produzido ou interpretado pelos quatro cantos do país e do mundo, mas procurar entendê-los. Tanto moralismo exacerbado por aí nos dá uma idéia de um novo "caça-ás-bruxas" que pretende instaurar uma histeria coletiva e social. Isso não queremos. O que queremos é que se o Brasil quiser ser uma nação melhor, mais justa para todos os seus respectivos cidadãos, é preciso estar equidistante das velhas ideologias políticas e dos moralismos políticos e sociais que tem infelicitado este país e trazido atraso político e econômico. Se quisermos um povo mais inteligente, queremos que essa inteligência seja independente e pura. Se queremos que o povo escute "boa música", é preciso despertar no coração do povo brasileiro o que há de melhor. Simplesmente impor, colocando "goela abaixo" geraria conflitos sociais em escala inimaginável. Um bom dessa idéia alternativa é recolocação da música como matéria nas escolas públicas e particulares. É uma das formas, entre muitas outras alternativas, de tornar o acesso à boa música de uma maneira mais saudável e democrática. 









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