sábado, 10 de janeiro de 2009

[Internacional] Obama: o que irá mudar?

Por Daian Cohen (Possidonio)


O mundo praticamente parou pra contemplar a vitória de Barack Obama nas eleições dos EUA. Muitas nações se enchem de esperança de um futuro promissor. Parece que, com a vitória de Obama, o mundo se esqueceu das atrocidades cometidas e patrocinadas pelos EUA ao longo da História, e que com a ascensão do primeiro presidente negro dos Estados Unidos este país se redimirá de seus erros e nascerá um país totalmente diferente.
No decorrer dos anos, o mundo se move pela emoção, pela esperança. Foi assim nas Diretas Já, foi assim no fim da Segunda Guerra mundial, foi assim também, quando no país do Tio Sam , Franklin Roosvelt criou o New Deal e tirou os Estados unidos da lama. Hoje, 80 anos depois da quebra da bolsa em 1929, uma revolução, diga-se de passagem, surge no seio da sociedade norte-americana. Um presidente negro, vencendo a segregação que existe até hoje, sim, nos Estados Unidos, conquista a preferência do eleitorado e vence um candidato tradicionalista, a face do povo americano, McCain. E que coisa! Neste ano, os Estados enfrentando uma crise que levou o fordismo a pôr as mãos na cabeça. Cabe, então, a Obama ter que agradar a gregos e troianos dentro de se seu país, salvar a pátria e receber os louros da vitória. Mas, e o resto do mundo? O por quê dessa expectativa?
Os países emergentes sempre estiveram excluídos dos anseios dos países desenvolvidos. Não há cooperação. Não existe o “bom samaritano” que irá acudir o necessitado em se tratando de globalização. A nova ordem mundial não comporta a predileção, a simpatia, pois, a bem da verdade, Obama é americano e em nome deles governará. O Neoliberalismo não escolhe gênero, rosto, simpatia, etnia. Nesse sistema o que vale é a esperteza, é o que sai na frente. Ou quem irá achar que o governo americano, quem quer que seja que o represente, irá dar assistência aos aflitos? Principalmente agora, em épocas de vacas magras, se na ocasião do “boom” econômico, quando os EUA tinham dinheiro pra dar, vender e jogar no lixo, tomou esta última atitude citada, financiando invasões no oriente médio, ditaduras, em nome de sua hegemonia? Claro que as melhoras, as mudanças irão acontecer, mas quem vai sentir a diferença são os americanos. Otimistas quanto ao futuro, todos devemos ser. Mas otimismo sem realidade se chama ilusão.
Está mais do que na hora de as sociedades emergentes tomarem conta de si. Ser um espectador da História exige frieza pra compreender que a “mola-mestra” do mundo sempre foi dinheiro e poder. No caso dos EUA não podemos excluí-los desse rol. Com toda certeza, o povo americano não deixará sua seguridade e autonomia em detrimento de uma boa relação internacional. Os EUA sempre quererão estar acima de tudo e todos, ser o grande agiota. Por enquanto nossa obrigação como cidadãos é respeitar a esperança de quem a possui, e cuidar do nosso nariz, pois esperar pelos EUA não dá.